Quero escrever sobre o universo das mulheres e sobre as grandes transformações que estão ocorrendo nos últimos anos. Difícil para um homem escrever sobre isso, sem parecer machista ou piegas. Escolhi o dia dos namorados, para escrever, pois me parece conveniente. Não que o dia influencie nas minhas ideias, por qualquer razão, visto que sempre tive experiências positivas nesses dias. Até os dias de hoje, tive os amores que mereci, cada uma com o seu devido valor e personalidades únicas.
Ocorre que tenho observado um aumento significativo do número de solteiros e de solteiras, atualmente. Ainda que em diferentes proporções, há também pessoas que optam, inclusive, por uma mudança de opção sexual. Sobre esse último aspecto, posso escrever outro dia; porém, acredito que isso sempre existiu, na história do mundo, e é mais natural que parece. Respeito quem opta por outro caminho, ainda que me mantenha heterossexual e ogro. A grande mudança, no entanto, nos nossos tempos, está no aumento de solteiros, em ambos os sexos.
E por que isso?
Acredito que a feminilidade está em extinção. A parcela mais adorável da personalidade feminina está sumindo. E o que isso significa? Que as mulheres estão se tornando mais masculinas, nas atitudes e hábitos. Infelizmente. As mulheres sempre mantiveram suas qualidades de agregar valores e condutas, de tranquilizar os embates, de amenizar os problemas. Agora estão mudando. Estão cada vez mais parecidas e neuróticas com (e como) os homens.
E isso está ocorrendo, graças a nós, homens. Sim, nós, por milhares de anos, procuramos dominar, subjugar e menosprezar as mulheres, como dóceis seres humanos. Por séculos, obrigamos as mesmas a nos servirem e a aceitarem os nossos desejos e hipocrisias, sem chance de as mesmas poderem optar por um caminho diferente. Há poucas décadas, as mulheres ainda eram obrigadas a ficar casadas com um marido que passava a noite na farra e voltava para casa com cheiro de bebida e cigarro, indo dormir da maneira que chegava da rua, ao lado da sua “esposa”. Que papel ridículo esse a que o homem se propôs - e que obrigou as mulheres a aceitarem. Talvez isso seja da natureza do homem ou talvez seja uma perversão do processo civilizatório, não sei.
Graças a esse quadro de dominação masculina, a mulher chegou num ponto onde queria ter tudo que havia deixado para trás. Queria toda a liberdade e experimentar todas as nuanças do universo masculino - das mais suaves atitudes às mais pesadas patologias. Não estou falando apenas da liberdade sexual, mas também da civil e profissional. A mulher passou a trabalhar fora, vencer como profissional e conquistou a suposta liberdade, assim como perdeu a saúde. Nesse cenário, mulheres estão fumando mais, estão tendo mais problemas cardíacos, estão mais estressadas e a carga de trabalho ficou quatro vezes maior que no passado. Muitas estão bebendo mais e cada vez mais cedo, por diversão, sem considerar as diferenças fisiológicas entre o fígado de uma mulher e o de um homem. Já presenciei, diversas vezes, mulheres competindo com homens, copo após copo de tequila, e com qual finalidade? Afirmação.
Enquanto o homem observa tudo com um ar de desdém e admiração, no fundo, de forma coletiva, percebe que ainda segue usando a mulher.
E onde ficou perdida a feminilidade? A feminilidade de que falo consistia naquela parcela da mulher que a fazia leal, cuidadosa, uma pessoa que se preservava e que era cuidadosa com a família. Por vezes, a mulher abnegava-se de coisas em prol da família e a favor do companheiro. Era uma defensora do mesmo, da privacidade do casal, valorizando as qualidades da parceria e tendo paciência com os defeitos. Hoje em dia, para que ter paciência, se estamos numa sociedade do descartável? Uma sociedade, onde tudo é rápido e pode ser dispensado, sem maiores custos. Mesmo relações não precisam durar, afinal a vida é curta! (estou sendo irônico!)
Algumas mulheres, ao perderem a feminilidade, estão transando mais com mais parceiros, estão bebendo mais, dormindo menos e esquecendo suas famílias. Justificam tudo como uma “busca” pela felicidade e pela liberdade, quando, de fato, estão se prejudicando e corrompendo. Com o tempo, acabam se drogando, entrando em depressões ou se internando em clínicas, para solucionar problemas de temperamento, e não exatamente problemas psicológicos. Pura falta de caráter e de feminilidade.
A perda da feminilidade também está explícita na moda, em desfiles onde as modelos parecem ser “andrógenos”, metade mulher, metade robô, uma boa parcela, homem. O cinema retrata bem esse quadro, em filmes onde aparecem mulheres que espancam vilões e matam sem piedade e disfarçam-se de mulheres sem sentimentos e que usam o sexo para conquistar e conseguir o que querem.
Novelas mostram, para as crianças, que mulheres que usam de todos os artifícios para subir na vida são vitoriosas e ricas. Nas mesmas edições de seriados de TV, casais trocam de parceria como quem troca de roupa, inclusive promovendo relacionamentos dentro das próprias famílias, sem nenhum charme de trama grega.
Mulheres no trânsito também perdem a feminilidade e não agem mais com tanta cautela. Podemos observá-las cortando a frente de outros carros, invadindo o corredor de ônibus, ameaçando e xingando pedestres, andando de motos de forma violenta, entre outras façanhas. Além disso, algumas parceiras estão discutindo com os companheiros, pelo simples hábito de quererem provar um ponto de vista e vencer. Outras estão brigando com os parceiros, por dinheiro, não considerando um projeto maior de casal e futuro. Apenas visualizam o tempo presente e as aparências.
A internet está colaborando com essa perda da feminilidade. Muitas mulheres estão abreviando o caminho da conquista, através de sites de relacionamentos, onde podem analisar currículos e determinar exatamente um perfil de homem que necessitam. Nada contra isso; porém, onde fica a saudável contradição dos opostos? Algumas não percebem que estão oferecendo a sua companhia para completos desconhecidos e abrindo suas vidas e correndo risco de saúde (e dignidade), convivendo com um número maior de parceiros e se expondo, como se fossem produtos. Inclusive, alguns perfis em sites de relacionamentos são muito parecidos com perfis de sites de prostituição, com mulheres de biquíni ou seminuas e em posições reveladoras. Sob um certo aspecto, não sou contra, óbvio, porque sou um homem e gosto de vê-las. Porém, a que ponto chegam algumas pessoas? Esses dias, acessei um perfil desses e encontrei uma renomada advogada e professora se expondo como se fosse uma meretriz. Sem ofender as meretrizes. Essas últimas, profissionais, que estão perdendo mercado, a cada dia, graças à grande oferta de sexo fácil.
Sim, chegou a vez de as mulheres nos usarem!
E o que fazer quando, em um belo dia, um amigo te apresenta a namorada e você dá de cara com aquela pessoa que viu num perfil de site de relacionamento ou que sabe que é uma consumidora voraz de sexo fácil. Você estende a mão e deseja felicidades. Coitado do amigo!
Mulheres que perderam a feminilidade são falsas. Querem chamar a atenção a todo o custo e buscam, de forma mercenária, a felicidade. Pensam somente no seu bem-estar momentâneo e no quanto de valor financeiro e de status podem alcançar. Não usam os atributos femininos e, sim, agem como homens, visando o jogo da conquista. São materialistas e justificam seus fracassos amorosos como culpa de homens sem caráter, quando, de fato, estavam usando as ferramentas erradas de sedução.
Óbvio que não são todas as mulheres que perderam a feminilidade. Certamente existem muitas mulheres que convivem com toda a liberdade e recursos; porém, não perderam a principal diferença de uma mulher para um homem. Existem muitas mulheres de fibra, que persistem, que são leais aos seus parceiros, que buscam a felicidade, trabalham, se esforçam, são boas mães e boas esposas. Participam da sociedade e contribuem para algo melhor. Mulheres que mantêm sua feminilidade, sua parcela meiga e suave. São humildes, sem serem submissas (como diria a filósofa, minha mãe).
Essas verdadeiras mulheres ainda estão salvando as relações. Essas verdadeiras mulheres ainda preservam suas identidades e características, aliando tudo que a liberdade pode dar aos valores que valem a pena serem preservados. Não são descartáveis e não consideram homens como objetos ou inimigos. São aliadas dos homens e buscam evoluir. Construir algo maior. São mulheres femininas, que sabem valorizar e elogiar um homem, que sabem como satisfazer e dar mais segurança ao parceiro.
Para finalizar, quero colocar um trecho de uma psicanalista, que cita o seguinte:
“A nova mulher do milênio pode ser sensual e sedutora, com erotismo à flor da pele, sem que seja a prostituta, com uma performance apenas mecânica, ou a mulher-objeto, que é embalada com papel celofane e oferecida como mercadoria. A sensualidade e a sedução são marcas da feminilidade agora e se deslocam para o ser da mulher, de modo que não são mais patrimônio apenas dos homens. E vale ainda lembrar que a sedução não precisa mais ser encarada como pejorativa, com um caráter maléfico. Pode ter traços de doçura e de graça. A sedução é a revelação plena do desejo feminino, a conquista pela mulher de sua feminilidade. A bela atriz de cinema Greta Garbo pode ser ilustração disto, uma vez que fascinou a todos os sexos, que ficavam estonteados com a feminilidade de seu erotismo, a leveza de seus gestos, sua essência e poderia ser considerada a condensação do puro erotismo, a sua feminilização quase absoluta. Por isso permaneceu na memória de todos e no imaginário do século atual como aquilo que é mais do que o belo.”
Luciana Oltramari Cezar – Psicanalista.
http://www.flickr.com/groups/bemquerermulher/discuss/170204/
No link abaixo, um teste de feminilidade, para as mulheres que tiverem “paciência” para tal. Bom proveito!
http://galirows.com.br/teste1.php
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