Trata-se
exatamente desse sentimento para o qual a espécie humana dedicou gerações de
contos, poesias, óperas, pinturas, livros e histórias e que nos faz acreditar
que podemos ser melhores “por” e “para” alguém.
Faz-nos
crer que somos especiais e diferentes de outros animais, apesar de, muitas
vezes, agirmos instintivamente a respeito desse sentimento.
A
definição de amor é extensa, podendo variar desde afeição, compaixão,
misericórdia ou, ainda, inclinação, atração, apetite, paixão, querer bem,
satisfação, conquista, desejo, libido, etc. O conceito mais popular de amor
envolve, de modo geral, a formação de um vínculo emocional com alguém. E é
sobre este vínculo que pretendo discorrer, a partir das minhas limitações e da
visão que tenho sobre o tema.
Os
mais céticos, ao falarem sobre o amor, poderiam convencionar que o mesmo diz
respeito a apenas uma “fórmula” evolutiva da espécie, para justificar a
congregação de pessoas, a reprodução e proteção da prole, tendo em vista as
agruras de um ambiente hostil desde os primórdios da civilização. Apesar
da tentação de querer simplificar o assunto e torná-lo o mais racional
possível, é pouco provável que seja somente disso que se trata o amor.
As
referências são muitas, nesse campo; porém, a principal se dá no âmbito das
sensações humanas diferenciadas, quando se encontra alguém que, aos seus olhos,
faz a diferença.
Essa
diferença não se dá somente aos olhos, porém ao olfato, audição e tato. O tom
de voz, a forma dos movimentos e a relação da pessoa com a vida atraem de
maneira especial. Alguns conseguem definir como uma vontade irresistível de
estar com essa pessoa ou, ainda, uma sensação de conhecer a tal pessoa há anos,
quando na realidade, muitas vezes, o relacionamento é recente, tem apenas
poucos dias ou meses. Ainda assim, a vontade de ficar junto é maior que
qualquer racionalidade. Eis que nos indagamos do que se trata essa
vontade?
Muitos
definem isso como “paixão” e justificam que o mesmo acontece antes do “amor” e
que haveria certo ordenamento sentimental para os eventos. É possível. Só que tão improvável como o amor acontecer
subitamente é que exista uma ordem e intensidade que possa ser medida e
definida como uma palavra ou outra. Irei simplificar e chamar tais sensações
como “amorosidade”, ou seja, um estado de “amor”.
Uma
boa definição da forma como o amor pode acontecer está no conceito grego do
mesmo, que reduz a essência do amor a três nomes: Eros, Philia e Ágape (saiba
mais, clicando aqui).
Contudo,
gosto de acreditar que todo amor surge de uma grande amizade. O amor pode
nascer da simpatia por alguém (É o que a autora Maria Luiza Cardinale Baptista
chama de “amoramizade”) e pela vontade que temos de compartilhar questões e
sonhos com esse alguém. Existe também a chamada “química” entre duas pessoas
que se trata da sintonia desde pensamentos, cheiros e toques de pele.
Em
contrapartida, planejar o amor e idealizar a pessoa amada é o mais próximo
possível de criarmos frustrações pela expectativa do irreal. Afinal pessoas são
falíveis e propensas ao erro, ainda que bem intencionadas, podem cometer
deslizes. Saber como contorná-los e a perspectiva que iremos dar a essas falhas
é que define o quanto estamos preparados para amar alguém. Nesse ponto,
entra o perdão e a doação. Sem o perdão e um amor fraternal pelo próximo,
jamais poderemos amar plenamente. Um grande e incompreendido filósofo disse: “ama o outro como a ti mesmo”
ou, ainda, “oferece a outra face”. Talvez ele estivesse dando a fórmula
de sucesso para o amor entre duas pessoas. Respeitar as diferenças e acreditar
que vale a pena doar-se para isso fortalece o verdadeiro amor.
Amar
é querer o melhor para o parceiro(a). Comemorar suas vitórias, consolar e dar a
mão nas derrotas e aconselhar as dúvidas. Encontrar soluções, construir o
diálogo. Por vezes, ainda que a felicidade do próximo seja longe de você, a
decisão de abrir mão de alguém pode também ser um ato de amor.
Óbvio
que, ao longo das nossas vidas, acontecem escolhas mal feitas e frustrações,
pela idealização irreal de um amor que nunca existiu. Elas geram correções e
nos fortalecem, para escolhermos melhor, na próxima vez.
E quantas vezes podemos amar numa vida?
Poucas.
No meu caso, amei com intensidade, porém poucas. Como é típico do ser humano, as mulheres que amei eram
pessoas imperfeitas. Meu interesse e encanto estavam ligados justamente a essas
características de imperfeição delas. Ainda que belas (ao seu modo),
inteligentes, educadas, carinhosas (ou não), todas tinham defeitos, sendo que
essas nuanças de personalidade é que as transformavam em pessoas especiais para
mim.
E
nesse ponto residem outras dúvidas dos amantes: é possível mudar por alguém? As
pessoas mudam? Sim, acredito que é possível mudar, mantendo a essência daquilo
que você já é. É possível você se tornar o que realmente você é, para melhor
conviver com alguém.
Deixar
de aspirar ou interpretar um personagem, para se tornar “o melhor” dentro
daquilo que você mesmo é. Descobrir-se e abrir sua mente e conduta para si
mesmo, independente do que os outros possam achar ou julgar. Nisso reside
o verdadeiro ato de amor: servir ao próximo. Estar disponível e aberto para
enfrentar as dúvidas, tormentas, alegrias, conquistas, sonhos e vida plena de
erros e acertos junto com alguém.
E
quem não sentiu, quer os ardores da desilusão assim como o prazer de uma efetiva
conquista? A dor (e algumas sensações
decorrentes da mesma) virá de qualquer maneira, quer a gente ame ou não.
Somente é possível viver com o outro - e pelo
outro.
O egoísmo mata em vida seu portador, como o
câncer mata a si mesmo matando o corpo em que vive. A coragem é daqueles que
agem, ainda que com medo, mas certos de suas convicções. É preferível viver talvez
nos pântanos terrestres ou talvez num oásis, mas com os pés na terra, sentido o
odor da realidade. E
nesse ponto você pode sempre mudar a sua história, se reinventar e
acreditar que vale a pena investir e abrir a sua vida para alguém
especial.
Para
isso é tão importante o conceito de amorosidade, que é “uma condição humana
elevada, aproxima as pessoas do conjunto de virtudes, pois nela estão incluídos
o cuidado, o respeito, a confiança. A amorosidade é bela, boa e verdadeira.”
(Eugenio Mussak). E plena.
Aqui vale também o que diz Maria Luiza Cardinale Baptista: “O amor precisa ser calmo, precisa ajudar a dar paz, a resgatar a sensação de plenitude, de aconchego, de confiança plena, de possibilidade de desnudamento, pleno, sem medo, sem constrangimento.”
Aqui vale também o que diz Maria Luiza Cardinale Baptista: “O amor precisa ser calmo, precisa ajudar a dar paz, a resgatar a sensação de plenitude, de aconchego, de confiança plena, de possibilidade de desnudamento, pleno, sem medo, sem constrangimento.”
A
amorosidade envolve a prática de expressar o amor em tudo que fazemos e a todos
com que nos relacionamos. Significa que não temos somente interesses pessoais
envolvidos, idealizando o parceiro(a) ou que não estamos interessados na
possível condição financeira ou de status do mesmo. Significa que podemos amar
plenamente alguém, pois o ato de amor está em tudo que fazemos, desde o
trabalho, estudo, cuidado com a saúde, relações amigáveis, entre outros. A
amorosidade trata de romper com o orgulho e vaidade, em prol de algo muito
maior, que podemos acreditar se tratar do singular sentimento do Amor.
Por
isso, fica a sugestão de orientação para a vida: ame-se e ame muito.
Revisão
de texto por PazzaComunicazione.