sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A Arte Marcial e a Educação


É necessário conhecer intelectualmente o que é bom e o que é ruim. Também é necessário desenvolver a inteligência para distinguir o certo do errado em várias situações complexas.

Assim, é necessário ensinar a pessoa a distinguir o bom do ruim, diferenciar o que é certo e o que é errado.

A educação moral deve ser trabalhada no aspecto das emoções. Mesmo que, intelectualmente, você saiba distinguir o certo do errado, se não for treinado emocionalmente para gostar do que é bom e evitar o que é ruim, sua capacidade de fazer o bem e de rejeitar o ruim será deficiente.

Se a moral não for cultivada intelectual e emocionalmente, não se chegará a bons resultados.

Além disso, mesmo que você tente fazer o bem e rejeitar o mal, se a sua força de vontade for fraca, ocorrerá muitas vezes o oposto. Assim, o treinamento da força de vontade deve fazer parte da educação moral – uma força de vontade fraca pode resultar na incapacidade de fazer o que você considera correto ou de evitar algo que você sabe que é errado.

Também é importante lembrar-se do hábito.

Mesmo que você tenha intenção de fazer o bem, se não desenvolveu esse hábito, suas melhores intenções podem facilmente se desvirtuar. E mesmo as melhores intenções de rejeitar o mal podem falhar se você não desenvolveu o hábito de fazer isso. Por essa razão, você deve procurar cultivar bons hábitos, amar o que é bom e rejeitar o mal diariamente.

Extraído do livro "Energia Mental e Física" de Jigoro Kano (fundador do Judô).

domingo, 14 de agosto de 2011

EnTrE ALToS e BaiXoS


Se existe algo que não é monótono, é a vida. Sim, essa mesmo que você está vivendo agora. A sua vida. Impressionante a quantidade de opções e desafios que a vida nos apresenta, ao longo dos anos que se passam sem que a gente perceba. Viver significa buscar a compreensão do que somos e para que vivemos, sendo que a trajetória (caminho) é mais interessante que os pontos de chegada, que chamados “objetivos”.

" Viver é a coisa mais rara do mundo - a maioria das pessoas apenas existe." (Oscar Wilde)

Tenho refletido sobre as vitórias e derrotas. Sobre os bons e maus momentos. Sobre as conquistas e as inúmeras derrotas. Sobre as pessoas que passam pelas nossas vidas, que estão conosco e também sobre as que já se foram.

Por alguma razão esses pensamentos povoam a minha mente: seja numa festa ou num simples bate-papo com amigos. Dizem que os melhores momentos das nossas vidas não são materiais e (sim) estão relacionados com a convivência com pessoas que amamos. Isso é uma visão otimista.

E os momentos ruins? Onde ficam nessa história? Eles existem e superá-los nos torna mais seguros e maduros. Momentos ruins são uma espécie de treinamento para a vitória. O que quer que a vitória signifique para você.


Essa felicidade que muitos falam aos quatro ventos e almejam não passam de poucos momentos da nossa existência. A vida é recheada de problemas e solucioná-los faz parte da nossa condição de seres humanos. Fácil falar (ou escrever), porém quando nos deparamos com os mais diversos problemas, levamos sustos e a tendência é pensar negativamente sobre os mesmos ou a nossa capacidade de supera-los. 


Pegamos o limão e jogamos fora - ao invés de transformar o tal limão numa limonada. Essa é a nossa tendência, graças à ansiedade que se plantou nesse novo século de soluções instantâneas.


Mas ainda existem momentos que parecem sonhos, quando o estamos vivendo.

Podem ser viagens a lugares que só víamos em filmes, conquistas que pensávamos ser impossíveis para nós, celebração de vitórias ou um simples ato de colocar uma roupa bonita e nos sentirmos bem. Por vezes, esses momentos podem ser ainda mais simples, como caminhar num parque num belo dia de sol. Sentar e escutar os pássaros e absorver o que a natureza nos oferece (de graça) todos os dias.

Já tive situações onde num turno estava sujo da cabeça aos pés de poeira. A tarde estava atlético, comandando um evento importante e a noite estava em outra cidade, de terno e gravata, em um sofisticado local. Já tive situações onde dormi num banco em uma estação de trem sozinho e com frio ou passei horas em um aeroporto - e na noite seguinte - estava num confortável hotel, numa cidade maravilhosa e falando outro idioma. Ou em situações onde estava sem nenhum dinheiro, e no dia seguinte, estava mais próspero. 


Afinal quantas vidas somos capazes de viver numa só existência? Quantas experiências absorvemos em cada situação? Dezenas, centenas, milhares, impossível mensurar a vida! E isso que gera uma massa crítica para formar o caráter e uma inteligência diferenciada. A variedade de situações vividas. Claro, para a formação do caráter vamos precisar ainda mais alguns detalhes, que não vem ao caso. Algumas pessoas não aprendem nunca, mesmo com diversas experiências – não é da natureza delas evoluir.

" Viva uma vida boa e honrada. Assim, quando você ficar mais velho e pensar no passado, poderá obter prazer uma segunda vez." (Dalai Lama)


Entretanto é simples passar por uma vida, despercebido. Não fazer a diferença. Não amar ou tampouco se permitir sentir emoções . Basta seguir um roteiro pré-determinado de ações que a sociedade prescreve para você. Nada contra, vejam bem.

Muitas pessoas são extremamente felizes na sua rotina e vivendo de forma simples e limitada. Amando os bichinhos, porém amando pouco o próximo (e a si). E a simplicidade não tem nada a ver com o luxo, porém com a forma de você ver o mundo e as pessoas que te cercam.


Ainda assim questiono-me sobre o valor de algumas experiências. Penso o quão inútil é ter uma opinião sobre a vida dos outros, como se a nossa vida fosse perfeita. Acredito que o diálogo leva a soluções de questões entre pessoas e percebo que fora disso, estamos apenas criando situações desconfortáveis por causa da maldita “opinião” que achamos que temos.


Quando debatemos sobre “fatos” fica mais simples entrarmos num consenso, todavia quando a conversa é sobre “opiniões” (principalmente sobre um problema) a solução fica mais distante. Essa estranha mania do ser humano de ter opinião sobre tudo e querer ter a razão. Quem tem a razão tem a responsabilidade sobre aquilo. É quase como se assinasse um contrato dizendo que aquilo é uma “verdade suprema” e não existem outras possibilidades. Pasme, a vida nos apresenta (diariamente) alternativas, para tudo.


E as vezes que achamos que os nossos problemas são os maiores do mundo? Que a nossa vida está toda bagunçada e que não somos tão “perfeitos” como gostaríamos pensando e se comparando (injustamente) com o próximo? Terrível! Quando queremos o “colo” de alguém, porém sem perceber que nunca estamos dispostos a dar colo ou saber do problema do próximo (tem gente que nem sequer nota o próximo ao seu lado). Nessas horas a vida pode nos apresentar questões como a doença de um familiar, ou ainda, nos propõem desafios pessoais que nos provam que deveríamos ter agido (e pensado) melhor. Que fomos injustos com o Universo e, talvez, não fossemos merecedores de todas as graças.

Os altos e baixos em uma vida são inevitáveis. O que nos resta a fazer e se preparar para o amanhã. Fazendo o melhor e a diferença hoje, para nós e para as pessoas que amamos. Não é uma tarefa fácil, óbvio. Nem sempre queremos sorrir, nem sempre queremos sair de casa ou ainda superar obstáculos. Algumas vezes não moramos num lugar que gostamos (casa, bairro ou cidade) e parece que as vidas que estamos vivendo não é a nossa. Muitos se sentem deslocados, mesmo tendo passado uma vida inteira num local ou com um grupo. Porém o que nos resta fazer senão continuar a viver? O que nos resta a fazer senão interagir e buscar o amor (dar e receber)? Em determinados momentos podemos mudar tudo, em outros temos, que nos resignar. Reclamar definitivamente não é a saída. Agir, sim. 

Nossa vida é um livro com milhares de páginas e cada um está escrevendo a sua edição única e original. Nas entrelinhas estão nossos pensamentos, nossas angústias e alegrias, nossa dor e nossas lágrimas. E mais: muitas dessas páginas ninguém vai ler ou saber! Somente você! O que não impede dessas histórias se tornarem parte do ser humano que você é. Ou na simples felicidade de ter escrito a sua própria história de uma forma justa e a garantia de um sono tranqüilo.

Quando chegarmos ao final da nossa vida, que possamos fechar os olhos com a certeza de termos feito a diferença e o melhor que pudemos. Talvez, a única palavra sensata a se dizer (ou pensar) no leito de morte seria “obrigado”.



Claro, isso é apenas uma opinião. Mesmo assim, obrigado.