" Viver é a coisa mais rara do mundo - a maioria das pessoas apenas existe." (Oscar Wilde)

Por alguma razão esses pensamentos povoam a minha mente: seja numa festa ou num simples bate-papo com amigos. Dizem que os melhores momentos das nossas vidas não são materiais e (sim) estão relacionados com a convivência com pessoas que amamos. Isso é uma visão otimista.
E os momentos ruins? Onde ficam nessa história? Eles existem e superá-los nos torna mais seguros e maduros. Momentos ruins são uma espécie de treinamento para a vitória. O que quer que a vitória signifique para você.
Essa felicidade que muitos falam aos quatro ventos e almejam não passam de poucos momentos da nossa existência. A vida é recheada de problemas e solucioná-los faz parte da nossa condição de seres humanos. Fácil falar (ou escrever), porém quando nos deparamos com os mais diversos problemas, levamos sustos e a tendência é pensar negativamente sobre os mesmos ou a nossa capacidade de supera-los.
Pegamos o limão e jogamos fora - ao invés de transformar o tal limão numa limonada. Essa é a nossa tendência, graças à ansiedade que se plantou nesse novo século de soluções instantâneas.
Mas ainda existem momentos que parecem sonhos, quando o estamos vivendo.
Podem ser viagens a lugares que só víamos em filmes, conquistas que pensávamos ser impossíveis para nós, celebração de vitórias ou um simples ato de colocar uma roupa bonita e nos sentirmos bem. Por vezes, esses momentos podem ser ainda mais simples, como caminhar num parque num belo dia de sol. Sentar e escutar os pássaros e absorver o que a natureza nos oferece (de graça) todos os dias.
Já tive situações onde num turno estava sujo da cabeça aos pés de poeira. A tarde estava atlético, comandando um evento importante e a noite estava em outra cidade, de terno e gravata, em um sofisticado local. Já tive situações onde dormi num banco em uma estação de trem sozinho e com frio ou passei horas em um aeroporto - e na noite seguinte - estava num confortável hotel, numa cidade maravilhosa e falando outro idioma. Ou em situações onde estava sem nenhum dinheiro, e no dia seguinte, estava mais próspero.
Afinal quantas vidas somos capazes de viver numa só existência? Quantas experiências absorvemos em cada situação? Dezenas, centenas, milhares, impossível mensurar a vida! E isso que gera uma massa crítica para formar o caráter e uma inteligência diferenciada. A variedade de situações vividas. Claro, para a formação do caráter vamos precisar ainda mais alguns detalhes, que não vem ao caso. Algumas pessoas não aprendem nunca, mesmo com diversas experiências – não é da natureza delas evoluir.
" Viva uma vida boa e honrada. Assim, quando você ficar mais velho e pensar no passado, poderá obter prazer uma segunda vez." (Dalai Lama)
Entretanto é simples passar por uma vida, despercebido. Não fazer a diferença. Não amar ou tampouco se permitir sentir emoções . Basta seguir um roteiro pré-determinado de ações que a sociedade prescreve para você. Nada contra, vejam bem.
Muitas pessoas são extremamente felizes na sua rotina e vivendo de forma simples e limitada. Amando os bichinhos, porém amando pouco o próximo (e a si). E a simplicidade não tem nada a ver com o luxo, porém com a forma de você ver o mundo e as pessoas que te cercam.
Ainda assim questiono-me sobre o valor de algumas experiências. Penso o quão inútil é ter uma opinião sobre a vida dos outros, como se a nossa vida fosse perfeita. Acredito que o diálogo leva a soluções de questões entre pessoas e percebo que fora disso, estamos apenas criando situações desconfortáveis por causa da maldita “opinião” que achamos que temos.
Quando debatemos sobre “fatos” fica mais simples entrarmos num consenso, todavia quando a conversa é sobre “opiniões” (principalmente sobre um problema) a solução fica mais distante. Essa estranha mania do ser humano de ter opinião sobre tudo e querer ter a razão. Quem tem a razão tem a responsabilidade sobre aquilo. É quase como se assinasse um contrato dizendo que aquilo é uma “verdade suprema” e não existem outras possibilidades. Pasme, a vida nos apresenta (diariamente) alternativas, para tudo.
E as vezes que achamos que os nossos problemas são os maiores do mundo? Que a nossa vida está toda bagunçada e que não somos tão “perfeitos” como gostaríamos pensando e se comparando (injustamente) com o próximo? Terrível! Quando queremos o “colo” de alguém, porém sem perceber que nunca estamos dispostos a dar colo ou saber do problema do próximo (tem gente que nem sequer nota o próximo ao seu lado). Nessas horas a vida pode nos apresentar questões como a doença de um familiar, ou ainda, nos propõem desafios pessoais que nos provam que deveríamos ter agido (e pensado) melhor. Que fomos injustos com o Universo e, talvez, não fossemos merecedores de todas as graças.

Nossa vida é um livro com milhares de páginas e cada um está escrevendo a sua edição única e original. Nas entrelinhas estão nossos pensamentos, nossas angústias e alegrias, nossa dor e nossas lágrimas. E mais: muitas dessas páginas ninguém vai ler ou saber! Somente você! O que não impede dessas histórias se tornarem parte do ser humano que você é. Ou na simples felicidade de ter escrito a sua própria história de uma forma justa e a garantia de um sono tranqüilo.

Claro, isso é apenas uma opinião. Mesmo assim, obrigado.
Mais uma vez um ótimo texto. Parabéns!
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