Gosto de afirmar que sou um cara de sorte. De certa maneira, todos somos. O universo nos premia diariamente com elementos que as vezes não percebemos, ou não valorizamos. Na pressa do dia a dia deixamos passar muita coisa boa da nossa vida. Claro, existem as dificuldades porém elas promovem algo, uma mudança ou experiência necessária para o nosso crescimento.
Eu tenho a sorte de ter encontrado um mestre de karatê-dô que sempre me ensina detalhes significativos da Arte Marcial e que consegue fazer a relação da nossa arte com a vida. Além disso, com a sua experiência, passa valorosos conselhos sobre relações, vida, amadurecimento entre outros. Realmente tenho muita sorte.
Já tive muitas dúvidas desde que comecei a dar aulas de karatê-dô e pude recorrer ao meu mestre. Geralmente dúvidas técnicas, pedagógicas e de relacionamento. E tenho um texto guardado, com muito carinho, que sempre que me questiono, reviso. É uma referência, entre muitas que tenho do meu mestre. Vou tomar a liberdade de compartilha-lo com vocês, espero que gostem e entendam. Oss.
" Nossa missão é mostrar o “Caminho”. Eles serão melhores ou piores em razão do que efetivamente são. Mas isso não importa, pois ser melhor ou pior pode ficar resumido somente a uma questão meramente técnica ou estética, o que significa muito pouco. O que verdadeiramente importa é a formação do ser humano e do cidadão. Não faz diferença que ele não conseguir ou não souber chutar acima da canela. Alguns, por vantagem genética, poderão executar a técnica, outros não. Deverás ter mais dedicação para com aqueles que têm dificuldades, mas ainda assim persistem. Esses são mais valiosos. Não deves deixar-te envolver em demasia pelos que fazem com facilidade. Significaria um envolvimento superficial, apenas estético ou técnico. É muito pouco. Preocupa-te e exige daqueles que querem ser exigidos. Eles poderão até reagir, mas no futuro serão gratos. Jamais exija mais do que alguém pode dar, pois serás o derrotado pela incapacidade do outro. Terás que intuir o limite de cada um. Mas também não exija menos. Diga-lhes que o treinamento deve ser duro, porque estão sendo preparados para a vida, que é dura. E diga-lhes que não estás muito preocupado com o resultado técnico, apenas secundariamente. Teu propósito será sempre aquilo que ficar gravado na alma de cada um."
Estou com um familiar doente, com problemas na coluna. Então me deparo com esse momento, a visita ao ente querido. Muitos me consideram extrovertido, conversador e até bem-humorado. Porém nem sempre sou assim.
De fato, me educo para ser assim, agradável com as pessoas. Quando criança era tímido e depois me tornei um terror, como forma de superar a timidez. Com a maturidade aprendi a equilibrar a minha forma de lidar com os outros. Falta muito ainda, todavia estou no caminho. Creio que todos somos assim de certa maneira, fora de casa somos "uma parte" alegre da nossa personalidade.
Haa...e a visita ao ente querido? sim, sim. Pois é essa situação é a mesma de quando vamos a um velório e não sabemos o que dizer ao amigo que está no auge da dor. Lembro das palavras da minha mãe, nessas situações, que diz:
"- Ninguém nunca se arrependeu de falar de menos".
Na minha visita não falei nada. Sentei-me próximo e me fiz presente. Estive a disposição por esses dias. Passei várias vezes na casa para perguntar se precisavam de algo e me manti convivendo com o problema de forma silenciosa. E senti o poder que a convivência exerce nas pessoas. Quando convivemos com alguém e queremos ajudá-lo, por vezes procuramos uma solução para o problema e nos angustiamos de não acha-la. A verdade é que somente o fato de nos fazermos presente para alguém significa fazer parte da solução. Já deve ter acontecido com vocês, serem apenas ouvintes de alguém e não dizer nada mais que simples "sim", "pois é", "que pena", "é verdade" e a pessoa no final da conversa (ou monólogo) te agradecer por ter ajudado. É novamente o poder da parceria, da convivência.
Tenho esse costume, com os mais velhos, de sentar próximo e me fazer "apenas" presente. Com carinho e coração aberto.
Parece incrível mas tem gente que não consegue fazer isso. Que só sabe agradar o próximo através de presentes, geralmente comida e bebida. Não consegue simplesmente sentar e se fazer "presente", não entende o poder que uma boa parceria exerce nas pessoas. Nada contra dar presentes, claro! É uma forma de agradar e reconhecer o próximo, uma fora de demonstrar carinho. Porém conviver supera qualquer presente.
Por vezes, em relacionamento é o que sustenta uma relação: a parceria. Ter uma pessoa de confiança perto e que curta estar ao seu lado, independente do que você faça. Casais mais agitados ficarem procurando programação para o fim de semana, pois não suportam "ficar sem fazer nada". Não aguentam o vazio que não está fora e sim dentro deles.
A convivência, apesar de não ser tão natural para algumas pessoas, é algo salutar. É necessária e fundamental para uma boa saúde. Dinheiro, poder, títulos, status nada disso preenche tanto como uma boa e sincera companhia. Conheço muita gente rica que não cultiva amizades sinceras e não pode comprar a sensação de uma boa companhia.
O gaúcho tem por hábito essa parceria. Criou até um artefato para justificar a convivência sem muita conversa que é a roda de chimarrão, algo incrível. Então quando você quiser visitar alguém querido, não precisa se preocupar em justificar a sua presença, apenas conviva o tempo o suficiente para ele/ela sentir o seu carinho e admiração. Algumas ações humanas são silenciosas e quase não exigem esforço e levam muito conforto para quem recebe e a convivência é uma dessas valiosas ações. Se pensarmos os melhores momentos que vivemos foram relacionados a convivência com alguém.
Como disse minha mãe no Reveillon de 2011: " - desejo três coisas para nós: conviver, conviver e conviver".
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Na praia a gente se depara com um universo novo de hábitos. Tenho notado que um dos hábitos está mudando, o tal "bronzear".
Talvez seja uma consciência dos malefícios que o sol forte, mesmo com protetor causa a pele ou talvez seja alguma coisa da moda. Tenho notado que poucas mulheres em Florianópolis estão com aquela cor marrom ou dourada forte, do sol. No caso, todas as pessoas que conheço de meia idade, que sempre se bronzearam de forma quase obssessiva, são as pessoas mais enrugadas que conheço. O sol forte e a longa exposição ao mesmo destrói a pele e causa um efeito estético inverso do almejado, no futuro. Porém as pessoas gostam de pensar apenas no "presente" em algumas coisas. Penso também que pode haver uma idiossincrasia de pessoas que se bronzeam demais com a intenção de quando voltarem para a cidade, a necessidade de mostrar que "foram a praia". Ridículo, ainda assim, bem provável.
Minha opinião é que pessoas bronzeadas, em excesso, estão fora da moda. É brega e ultrapassado. Me recordo, que alguns anos atrás, inclusive haviam pessoas que frequentavam e investiam dinheiro no tal bronzeamento artificial (aquele que poderia dar câncer de pele) antes mesmo de ir à praia. Terrível. Tenho observado na televisão e cinema, e os grandes personagens e atores, não são mais bronzeados e sim brancos e quase pálidos (no caso, da séria Crepúsculo) e as mulheres mais lindas do show business estão com a pele bem cuidada e com a cor natural (branca).
Ficar levemente bronzeado de exposição moderada e protegida ao sol é algo bacana. A outra face disso é algo totalmente prejudical e sem sentido, coisa de gente que não se informa e fora de sintonia com uma nova realidade climática e de consciência sobre saúde.
Como diria aquele vídeo feito por uma agência de propaganda americana como mensagem de fim de ano aos seus clientes (DBB): "o único conselho certo é: use protetor solar".
Sou instrutor de karatê-dô para crianças e adultos. Sempre que preparo uma aula para as crianças, procuro trabalhar aspectos lúdicos, de exercícios, brincadeiras e técnicas onde serão envolvidos musculaturas, equilíbrio, força, explosão, percepção espacial entre outros. Tenho um enorme prazer em me envolver com as crianças através do karatê, que é um poderosa ferramenta de comunicação com as crianças.
Me impressiono com o avanço dos pequenos durante os meses. Avanços físicos, mentais e psicológicos. Uma criança é uma esponja para absorver conhecimento, com potencial ilimitado. Alguns tem mais facilidade de praticar o karatê e enfrentar seus desafios e outros passam por dificuldades.
A minha proposta inicial com as crianças é desenvolver a auto-confiança, produzir nelas a certeza que se elas se "esforçarem" com disciplina podem conseguir tudo na vida.
Ajuda pode existir, porém sem esforço pessoal das mesmas, não haverá retorno na prática, ou na vida.
Procuro não me apegar a alunos, o que com as crianças é uma tarefa um tanto difícil. Já tive alunos que por uma razão ou outra pararam de treinar. Geralmente por falta de vontade dos pais em leva-los ou de tira-los do mundinho de proteção que se cria ao redor de algumas crianças. Sinto a perda, pois as aulas são preparadas para todos, ainda assim, visando trabalhar a dificuldade de um pequeno indivíduo sem constrange-lo perante os demais. Me sinto responsável por eles e não fujo dessa tarefa, pois cabe ao professor de karatê "auxiliar " na educação do pequeno, então sinto quando um trabalho se interrompe com aquele potencial em formação da uma criança.
Realmente o karatê não é para as massas, é para poucos.
Ainda assim sou feliz porque tenho aprendido muito com os pequenos, enxergo o crescimento pessoal e retorno fora do dojo em aspectos que dificilmente poderíamos trabalhar em outras atividades. É o que chamamos de "karatê terapia" onde o físico e a mente são trabalhados em conjunto, visando o fortalecimento do aluno.
Uma dessas pequenas surpresas foi com uma aluna de 5 anos. Ela tinha problemas respiratórios (asma) e está com a personalidade em formação. Teve uma imensa dificuldades nas primeiras aulas, pois mal conseguia respirar, um linda e frágil menina entrando num universo novo onde seria exigida justamente na sua maior fraqueza. Um enfrentamento difícil para um adulto, imagine para uma criança e ainda mais menina (pois poderia optar por simplesmente brincar de bonecas). Lá estava ela, a pequena guerreira.
A cada aula era uma conquista. A cada aula procurava desenvolver nela sua energia interior (Ki) para fortalece-la e aumentar sua independência da asma. Por vezes, pensava que ela iria desistir, algumas vezes senti que ela iria chorar por algum acidente ou por não poder participar de todas as brincadeiras e atividades. Se eu pudesse, choraria junto. Porém o choro não é uma opção para lutadores.
Pois bem, após alguns árduos meses ela superou o problema respiratório, corria melhor e mais rápido que os outros e executava as técnicas com firmeza e concentração. Certa vez, fui fazer um frente a frente com ela pois faltava um aluno. Ambos em kamae, eu no alto dos meus 1,80 m com 93 kg e ela com os seus 4 para 5 anos, pequena altura e peso. Ela parou na minha frente, em postura de kamae, olhou nos meus olhos e não tirou os olhos de mim, nem piscava. Não estava com medo, tampouco demonstrava nenhum esboço de fraqueza. Me atacou como deveria, no tempo certo, com kime e vontade de um adulto. Mostrou que era capaz, não para mim porém para si mesma. Estava pronta.
Após um tempo ela fez exame de faixa onde foi excelente. Passou com 5 anos para faixa amarela, a faixa da cor do ouro. No primeiro dia de aula após o exame, ela chegou no dojo e pediu para fazer o kata Heian Nidan (o kata de faixa amarela para laranja). Eu disse para ela que era cedo, pois não havia ensinado o mesmo para ela. Ela insistiu. Fiquei intrigado e conversei com o pai dela, também karateka e também responsável por tanto sucesso com a menina karateka. Ele disse-me que após o exame ela começou a treinar sozinha através de desenhos que havia visto na sua apostila e imagens de livros.
Bom, então pedi para ela me demonstrar o kata até onde ela sabia. Eis que aquela antes frágil figura começou o kata com maestria, cumprimentando e anunciando o kata e executando movimento por movimento chegando ao final sem pestanejar, com alguns pequenos erros, porém no conjunto de forma correta. Supresa total!
Lembrei do meu mestre quando me falou a um bom tempo atrás, eu estava em dúvida sobre dar aulas ou não, então ele me disse:
" - as vezes a gente escolhe o Caminho*, as vezes é o Caminho que nos escolhe."
Pois bem, o Caminho havia escolhido mais uma pessoa, minha menor - e anteriormente - mais frágil aluna. Aprendemos todos a cada aula, com a certeza que o karatê vai além do dojo, vai além da técnica e vai além das nossas fraquezas físicas ou psíquicas. E a cada criança que trabalho, em cada novo pequeno aluno se renova a felicidade de estar fazendo a coisa certa.
Vai um vídeoclip (ligue o som) um pouco longo, porém vale a pena ser visto. Uma história de amor, com um final inusitado...O amor pode acontecer, quando, com a pessoa e da forma que menos se espera.
Primeiro post de 2011, sinto que tenho que escrever sobre um assunto relacionado a Propaganda. Tenho trabalhado na área a algum tempo, estudo o mercado, as mudanças e nuances do design e as tendências de comunicação do mercado com o público. E fico pasmo com algo que eu chamo de o "fim das marcas" no Brasil. Estamos passando por um processo de transição de mercado imaturo de consumo para um mercado com personalidade própria.
E o que isso acarreta? milhares de novas marcas "emergentes".
Podemos perceber em anúncios de revistas, em passeios no shopping (cada vez mais difíceis de se transitar), na internet e no comércio em geral o surgimento de novas marcas. Novos produtos. Novas propostas de vender o mesmo produto de sempre: roupas, carros, estética, imóveis, bens de consumo, etc. E o que isso afeta o mercado publicitário? mais trabalho para nós. Opa, que bom!
Porém o que está acontecendo é uma constante desvalorização da propaganda e design de marcas. Os empresários muitas vezes não possuem maturidade empresarial e estão apostando na sua nova marca com uma referência visual amadora. São criados nomes estranhos, sem sentido. Identidades Visuais sem fundamento, com uma referência amadora. Marcas que não marcam, feitas por pessoas não qualificadas.
É a banalização das marcas. E num primeiro momento esses produtos e serviços vendem. Porque? o brasileiro gosta de novidade, é ávido por isso. Então uma nova grife de roupas de surge logo vende as pencas e passado uns dois anos já está ultrapassada. Então o novo empresário cria uma outra loja com outra marca e assim vai. Ou insiste na sua marca com um novo desenho feito pelo sobrinho que fez um curso de informática e sabe desenhar no computador. E os consumidores embarcam e confiam em marcas que não prezam nem pela qualidade do seu nome, quem dirá pelo seu produto.
Não é um fenômeno somente brasileiro. Na Europa está acontecendo o mesmo, porém com outro padrão. Lá as marcas famosas e tradicionais do Brasil estão invadindo o mercado, mostrando toda a sua qualidade.
É o caso da Natura, que fabrica produtos cosméticos e não possuem loja física no Brasil, vendendo através de catálogos e representantes. Já na França, em Paris existem lojas físicas da Natura - um forma de patrocinar a marca e sua expansão na Europa. Pessoal de visão. Na inauguração da primeira loja Natura em Paris estava a Marisa Monte que teve sua turnê patrocinada pela Natura, uma inovação no mercado fonográfico.
As pessoas buscam uma identidade durante suas vidas. Buscam fazer parte de algo, de um conceito, um estilo de vida. Marcas que duram são as marcas que trabalham no campo da emoção do consumidor. São marcas que além de oferecer qualidade podem oferecer uma proposta de consumo com qualidade.
Já as marcas descartáveis são feitas para saciar uma vontade de compra pelo impulso e não prezam pela qualidade, tampouco pela estética visual da empresa. Quem perde é o mercado publicitário e o consumidor, que acaba sendo engando constantemente por um fraco apelo visual dessas marcas emergentes, que poluem o mercado com fracas propostas de consumo. Empresas que entram no mercado disputando a guerra de preços, sem uma proposta visual e empresarial decente estão marcadas para falir. Não se disputa sempre o menor preço (exceto se for uma multinacional). Estamos na era da informação, hoje a disputa deve sempre ser nos quisitos "proposta" e "qualidade".
Vender uma idéia, um conceito de consumo.
É o caso do Supermercado Zaffari. O slogan: " Economizar é comprar bem" criado pelo excelente publicitário, escrito e poeta Luiz Coronel (nascido em Bagé e portoalegrense por opção). Ou seja, o slogan diz claramente: " olha, somos mais caros porém você irá ter uma ótima experiência de consumo aqui ". É o que acontece, os consumidores vão ao Zaffari comprar o mais caro porém querem ser bem atendidos e terem os produtos que procuram.
Nada contra marcas novas. Porém quer jogar? esteja preparado, com uma boa proposta e qualidade na apresentação. Atento para o equilíbrio da "forma x conteúdo". É isso que um bom publicitário podem oferecer ao seu cliente. O empresário ou profissional liberal não é obrigado a saber tudo de tudo. O empresário pode ter um excelente contéudo porém com uma forma de se apresentar horrível e vice-versa. Quando se alia forma e conteúdo de qualidade, então temos um caso de sucesso no mercado. Isso serve para marcas e para todos nós, como pessoas.
A maturidade de um mercado é o reflexo da maturidade de uma sociedade, quanto mais profissional as empresas forem, valorizando suas marcas, mais o consumidor sairá ganhando e o mercado como um todo. Se consumir é necessário ou não é outra história - porém certamente somos consumidores em alguns momentos e cabe a nós escolher a forma de consumir e de quem vamos comprar.
Então na hora de consumir esteja atento, como consumidor e empreendedor. Marcas (e pessoas) que se valorizam possuem mais valor que seu patrimônio físico, com certeza.