sábado, 1 de janeiro de 2011

Marcas & marcas


Primeiro post de 2011, sinto que tenho que escrever sobre um assunto relacionado a Propaganda. Tenho trabalhado na área a algum tempo, estudo o mercado, as mudanças e nuances do design e as tendências de comunicação do mercado com o público. E fico pasmo com algo que eu chamo de o "fim das marcas" no Brasil. Estamos passando por um processo de transição de mercado imaturo de consumo para um mercado com personalidade própria.

E o que isso acarreta? milhares de novas marcas "emergentes".

Podemos perceber em anúncios de revistas, em passeios no shopping (cada vez mais difíceis de se transitar), na internet e no comércio em geral o surgimento de novas marcas. Novos produtos. Novas propostas de vender o mesmo produto de sempre: roupas, carros, estética, imóveis, bens de consumo, etc. E o que isso afeta o mercado publicitário? mais trabalho para nós. Opa, que bom!

Porém o que está acontecendo é uma constante desvalorização da propaganda e design de marcas. Os empresários muitas vezes não possuem maturidade empresarial e estão apostando na sua nova marca com uma referência visual amadora. São criados nomes estranhos, sem sentido. Identidades Visuais sem fundamento, com uma referência amadora. Marcas que não marcam, feitas por pessoas não qualificadas.

É a banalização das marcas. E num primeiro momento esses produtos e serviços vendem. Porque? o brasileiro gosta de novidade, é ávido por isso. Então uma nova grife de roupas de surge logo vende as pencas e passado uns dois anos já está ultrapassada. Então o novo empresário cria uma outra loja com outra marca e assim vai. Ou insiste na sua marca com um novo desenho feito pelo sobrinho que fez um curso de informática e sabe desenhar no computador. E os consumidores embarcam e confiam em marcas que não prezam nem pela qualidade do seu nome, quem dirá pelo seu produto.

Não é um fenômeno somente brasileiro. Na Europa está acontecendo o mesmo, porém com outro padrão. Lá as marcas famosas e tradicionais do Brasil estão invadindo o mercado, mostrando toda a sua qualidade.



É o caso da Natura, que fabrica produtos cosméticos e não possuem loja física no Brasil, vendendo através de catálogos e representantes. Já na França, em Paris existem lojas físicas da Natura - um forma de patrocinar a marca e sua expansão na Europa. Pessoal de visão. Na inauguração da primeira loja Natura em Paris estava a Marisa Monte que teve sua turnê patrocinada pela Natura, uma inovação no mercado fonográfico.

As pessoas buscam uma identidade durante suas vidas. Buscam fazer parte de algo, de um conceito, um estilo de vida. Marcas que duram são as marcas que trabalham no campo da emoção do consumidor. São marcas que além de oferecer qualidade podem oferecer uma proposta de consumo com qualidade.

Já as marcas descartáveis são feitas para saciar uma vontade de compra pelo impulso e não prezam pela qualidade, tampouco pela estética visual da empresa. Quem perde é o mercado publicitário e o consumidor, que acaba sendo engando constantemente por um fraco apelo visual dessas marcas emergentes, que poluem o mercado com fracas propostas de consumo. Empresas que entram no mercado disputando a guerra de preços, sem uma proposta visual e empresarial decente estão marcadas para falir. Não se disputa sempre o menor preço (exceto se for uma multinacional). Estamos na era da informação, hoje a disputa deve sempre ser nos quisitos "proposta" e "qualidade".

Vender uma idéia, um conceito de consumo.

É o caso do Supermercado Zaffari. O slogan: " Economizar é comprar bem" criado pelo excelente publicitário, escrito e poeta Luiz Coronel (nascido em Bagé e portoalegrense por opção). Ou seja, o slogan diz claramente: " olha, somos mais caros porém você irá ter uma ótima experiência de consumo aqui ". É o que acontece, os consumidores vão ao Zaffari comprar o mais caro porém querem ser bem atendidos e terem os produtos que procuram.

Nada contra marcas novas. Porém quer jogar? esteja preparado, com uma boa proposta e qualidade na apresentação. Atento para o equilíbrio da "forma x conteúdo". É isso que um bom publicitário podem oferecer ao seu cliente. O empresário ou profissional liberal não é obrigado a saber tudo de tudo. O empresário pode ter um excelente contéudo porém com uma forma de se apresentar horrível e vice-versa. Quando se alia forma e conteúdo de qualidade, então temos um caso de sucesso no mercado. Isso serve para marcas e para todos nós, como pessoas.

A maturidade de um mercado é o reflexo da maturidade de uma sociedade, quanto mais profissional as empresas forem, valorizando suas marcas, mais o consumidor sairá ganhando e o mercado como um todo. Se consumir é necessário ou não é outra história - porém certamente somos consumidores em alguns momentos e cabe a nós escolher a forma de consumir e de quem vamos comprar.

Então na hora de consumir esteja atento, como consumidor e empreendedor. Marcas (e pessoas) que se valorizam possuem mais valor que seu patrimônio físico, com certeza.

Conheça um pouco do nosso trabalho em: http://alefernandess.blogspot.com/

Veja a inauguração da loja Natura, em Paris:


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