Estava trabalhando na terra, num canteiro de grama.
Retirando algumas ervas daninhas e procurando ajeitar o terreno, arrancando as
ervas pelas raízes e revirando a terra o mínimo possível, quando encontro um
parafuso enterrado. Era pequeno e preto, com rosca fina e encaixe para chave de
fenda e cabeça de porca. Tanto faz, de fato pois isso já é linguagem de
ferragem.
Fiquei imaginando como aquele parafuso poderia ter ido parar
embaixo da terra. Qual seria sua trajetória, da linha de produção na fábrica,
até ser embalado com outros, colocado numa caixa, viajado e depois entregue
numa loja e finalmente vendido, junto com outros tantos iguais a ele. Claro,
sem considerar a sua origem, que tipo de material foi derretido e como foi
colocando num molde e depois resfriado para virar uma pequena peça de prender
algo.
Seria um triste fim para o parafuso? Estar fora da sua
função original? Estar enterrado significaria sua “morte” como é na vida dos
humanos? Provavelmente estava ali a anos e poderia nunca ser achado. Sim,
estaria fora da sua função e do seu objetivo inicial.
Assim são as pessoas.
Não conhecemos suas origens, como foram feitas, de onde vem, quais os seus objetivos e funções, não sabemos se são conscientes da sua existência ou vivem a vida sem saber o que estão fazendo e para onde vão. Muitas são peças perdidas e avariadas e não estão enterradas, seguem no mercado. Todavia as pessoas também não te conhecem e não sabem do que você é feito. Ou como dizem: “qual é a sua?”
Não conhecemos suas origens, como foram feitas, de onde vem, quais os seus objetivos e funções, não sabemos se são conscientes da sua existência ou vivem a vida sem saber o que estão fazendo e para onde vão. Muitas são peças perdidas e avariadas e não estão enterradas, seguem no mercado. Todavia as pessoas também não te conhecem e não sabem do que você é feito. Ou como dizem: “qual é a sua?”
Certamente um ser humano é extremamente mais complexo que
qualquer peça de indústria ou mecanismo. É vivo e dinâmico, com tantos
mistérios que a própria ciência, medicina e psicanálise engatinha em alguns
pontos desse organismo. Dentro desse contexto, que tipo de vida queremos levar?
Seremos parafusos que cumprem sua função no Universo e com Deus ou seremos
parafusos enterrados e esquecidos, carentes de um objetivo e de fazer a
diferença na vida de muitos? Talvez façamos a diferença por um tempo, para
poucos, então seremos enterrados e esquecidos, até alguém cavar e encontrar ou
forçar a memória para lembrar o nome daquele parente distante que se foi a mais
de cem anos atrás.
E assim a vida segue. O cosmos não esperar por nós, segue em
movimento independente das nossas vontades, alegrias, tristezas, frustrações ou
realizações. Que possamos ser um parafuso útil, que cumpra seu objetivo com
perfeição e faça a diferença para muitas pessoas. Que possamos ser tudo isso,
naturalmente, sem esforço para tal sem barulho ou alarde. No caso, o parafuso
perdido não teve opção ao ser deixado na terra, nós temos as opções de fazer a
diferença, todos os dias. Quem sabe se fazendo a diferença, poderemos ter um
destino oposto ao que o plano da vida humana nos reserva? Para melhor concluir
esse texto, vou citar o mestre Yoda: “Faça ou não faça. A tentativa não existe.”
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