sábado, 15 de janeiro de 2011

O poder da Convivência.


Estou com um familiar doente, com problemas na coluna. Então me deparo com esse momento, a visita ao ente querido. Muitos me consideram extrovertido, conversador e até bem-humorado. Porém nem sempre sou assim.

De fato, me educo para ser assim, agradável com as pessoas. Quando criança era tímido e depois me tornei um terror, como forma de superar a timidez. Com a maturidade aprendi a equilibrar a minha forma de lidar com os outros. Falta muito ainda, todavia estou no caminho. Creio que todos somos assim de certa maneira, fora de casa somos "uma parte" alegre da nossa personalidade.

Haa...e a visita ao ente querido? sim, sim. Pois é essa situação é a mesma de quando vamos a um velório e não sabemos o que dizer ao amigo que está no auge da dor. Lembro das palavras da minha mãe, nessas situações, que diz:

"- Ninguém nunca se arrependeu de falar de menos".

Na minha visita não falei nada. Sentei-me próximo e me fiz presente. Estive a disposição por esses dias. Passei várias vezes na casa para perguntar se precisavam de algo e me manti convivendo com o problema de forma silenciosa. E senti o poder que a convivência exerce nas pessoas. Quando convivemos com alguém e queremos ajudá-lo, por vezes procuramos uma solução para o problema e nos angustiamos de não acha-la. A verdade é que somente o fato de nos fazermos presente para alguém significa fazer parte da solução. Já deve ter acontecido com vocês, serem apenas ouvintes de alguém e não dizer nada mais que simples "sim", "pois é", "que pena", "é verdade" e a pessoa no final da conversa (ou monólogo) te agradecer por ter ajudado. É novamente o poder da parceria, da convivência.

Tenho esse costume, com os mais velhos, de sentar próximo e me fazer "apenas" presente. Com carinho e coração aberto.

Parece incrível mas tem gente que não consegue fazer isso. Que só sabe agradar o próximo através de presentes, geralmente comida e bebida. Não consegue simplesmente sentar e se fazer "presente", não entende o poder que uma boa parceria exerce nas pessoas. Nada contra dar presentes, claro! É uma forma de agradar e reconhecer o próximo, uma fora de demonstrar carinho. Porém conviver supera qualquer presente.

Por vezes, em relacionamento é o que sustenta uma relação: a parceria. Ter uma pessoa de confiança perto e que curta estar ao seu lado, independente do que você faça. Casais mais agitados ficarem procurando programação para o fim de semana, pois não suportam "ficar sem fazer nada". Não aguentam o vazio que não está fora e sim dentro deles.

A convivência, apesar de não ser tão natural para algumas pessoas, é algo salutar. É necessária e fundamental para uma boa saúde. Dinheiro, poder, títulos, status nada disso preenche tanto como uma boa e sincera companhia. Conheço muita gente rica que não cultiva amizades sinceras e não pode comprar a sensação de uma boa companhia.

O gaúcho tem por hábito essa parceria. Criou até um artefato para justificar a convivência sem muita conversa que é a roda de chimarrão, algo incrível. Então quando você quiser visitar alguém querido, não precisa se preocupar em justificar a sua presença, apenas conviva o tempo o suficiente para ele/ela sentir o seu carinho e admiração. Algumas ações humanas são silenciosas e quase não exigem esforço e levam muito conforto para quem recebe e a convivência é uma dessas valiosas ações. Se pensarmos os melhores momentos que vivemos foram relacionados a convivência com alguém.

Como disse minha mãe no Reveillon de 2011: " - desejo três coisas para nós: conviver, conviver e conviver".
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Um comentário:

  1. E como é difícil conviver, mas se não fosse para ser assim, então porque Deus nos faria seres racionais?

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