segunda-feira, 24 de março de 2014

O ser autocentrado

Se você está lendo esse texto você pode pensar e agir. A tua ação dependerá de vários processos mentais invisíveis e que provém da razão, da sua mente e cérebro. E isso de formou dessa forma através de milhares de anos de evolução da humanidade. Tendo em vista esse quadro, somos uma sociedade quase perfeita onde todos vivem de forma racional e igual, onde o bem estar da sociedade e mais importante que o bem estar de uma pessoa apenas. Não somos assim? infelizmente, estamos longe disso.


As justificativas são inúmeras para o nosso comportamento egoísta e auto centrado. A dois mil anos atrás um pensador abordou esse tema procurando dizer que deveríamos “amar o próximo com a nós mesmos” e isso nunca ocorreu. E cá estamos em pleno futuro após esses milhares de anos e vivemos com abundância em tudo, menos nas atitudes em prol dos outros. Parece demagogia, claro, pois mesmo esse que vos escreve não é perfeito e se insere nesse contexto. O que nos surpreende diariamente é perceber ações negativas se propagando na nossa sociedade. E sendo bem sucedidas e aceitas.

Ser autoconfiante não significa desvalorizar o próximo. Não significa acreditar que as suas verdades são melhores que as dos outros e muito menos não questionar-se sobre as tuas atitudes. Graças aos meios de comunicação em massa hoje temos a possibilidade de sermos pequenas ilhas e reis e rainhas dentro dos nossos lares e carros. Ou no nosso micro ambiente social que de forma imaginária acreditamos ser o ideal e isento de responsabilidade com o macro ambiente que vivemos.

E isso se manifesta no trânsito, no acúmulo de lixo nas cidades, nos relacionamentos falidos entre casais que não se amam e convivem por interesses econômicos entre si e falsas amizades onde pretensos parceiros visam somente angariar dividendos com a tua amizade. Atos simples como elogiar o próximo está fora de moda ou pequenas atitudes de gentileza facilitadas hoje em dia pela tecnologia, como um telefonema cordial ou um clique de curtir em algo que você gosta na rede social do seu amigo - ou ainda - dar passagem para outros no trânsito estão se tornando raros. É um novo tipo de ser social que surge, que na sua pouca consciência não depende de ninguém para viver e faz o suficiente para ser agradável quando isso gera dividendos financeiros ou para massagear seu ego.

Se algo ou alguém nos desagrada por ser diferente o que fazemos? Apontamos o dedo! Rotulamos como leproso social, e como tal, os deixamos a margem da nossa convivência. Não fazemos o menor esforço em entendê-lo ou nos questionar a nossa filosofia de vida (ou falta dela). Justificamos parte desse comportamento com a “falta de tempo” ou “pressa” correndo como baratas tontas para lugar nenhum. Por vezes, abro porta para pessoas passarem em algum local e fico pasmo quando elas passam sem ao menos agradecer. Costumo dizer: “- de nada” para a pessoa perceber a grosseria que está fazendo. Em todos os casos, a pessoa volta o rosto e diz: “- obrigado” meio a contragosto. Raros casos voltam e pedem desculpas por não ter percebido a grosseria. A tendência é as pessoas agirem como se os outros ao redor fossem seus empregados. E isso não é somente falta de educação e cortesia, é agir de forma egoísta. 

Somos uma sociedade de iguais ou ao menos deveríamos ser.


Vejo em publicações virtuais e impressas artigos e comparações entre os animais e humanos. As manifestações são várias de que os animais agem de forma mais pura que nós, mesmo sem raciocínio. Claro, são análises superficiais desses comportamentos, pois a ciência sabe que animais podem ser diferentes mesmo convivendo em grandes grupos, e por vezes, podem ser cruéis, num ambiente selvagem. Mesmo animais domesticados dependendo da circunstância podem agir de forma negativa. Todavia estamos falando de animais e não seres humanos, que deveriam primar pelo raciocínio e ação. 

De que adianta se dizer ecológico quando o principal item dessa ciência está sendo negado, que é a preservação da própria espécie. E para preservar alguém, temos que respeitá-lo e valorizara-lo como igual, sem intenção de obter nenhuma vantagem. E nisso resulta um desafio da nossa sociedade: vivermos num planeta gigante (e cheio de recursos) como se vivêssemos dentro de uma pequena nave espacial. Será possível? 

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