Conversando sobre a vida, com a “filósofa” minha mãe, tive a oportunidade de me aprofundar no que chamamos “A Teoria do Cascão”.
Minha mãe é uma pessoa sábia, educada, que soube usar todos os anos de estudos e leituras com a convivência de pessoas interessantes. É professora aposentada, porém se mantém ativa lendo, estudando inglês com um grupo da terceira idade na universidade, participa da Confraria da Champagne da cidade (grupo formado por mulheres), freqüenta a academia e vive bem.
Ela é uma professora nata. Vive para educar e se educar. Eu tive sorte de ser filho dela, por opção dela. Tá e a Teoria?
Convivo com pessoas que tem todo o tipo de formação: desde doutorado, como mestres, pós-graduados, especialistas em idiomas, curso superior, especializações entre outros títulos. Tenho a oportunidade de conversar e trocar idéias com pessoas que sempre buscaram o conhecimento, excelentes profissionais nas suas áreas. E convivo também com pessoas que me ensinam muito, estas sem formação superior nenhuma, porém são especialistas na prática da vida. São pessoas educadas, corretas e dignas e recorrem somente as suas experiências para se fortalecer.
Então me deparo com a "Teoria do Cascão". Essa diz que temos uma espécie de “casco de tartaruga” invisível na nossa conduta e personalidade. E por mais títulos de formação acadêmica que tivermos temos que atentar a nossa “genética”. As manias, formas de agir, personalidades e conduta em geral. Seria o “cascão”.
Um exemplo: uma pessoa de origem humilde, com os pais analfabetos que consegue se formar e tornar-se um bom profissional pode ter a tendência – em alguns momentos de deslize – de agir como uma pessoa sem educação. Ser grosseiro, estúpido, agressivo, cultivar maus hábitos à mesa, péssimos hábitos de higiene e ser desorganizado. Ou seja: uma pessoa educada, porém que usa mal a sua educação.
O “cascão” foi mais forte! E o que fazer para vencer o “cascão”? Primeiro a pessoa deve ser sensível a esses traços pessoais. Identificar e corrigir. Se policiar diariamente (se necessário) para (mesma vivendo sozinha) manter hábitos saudáveis. Não é algo neurótico é mais simples que parece. Se a pessoa mora sozinha ela pode comer algo na sala da TV, usar um prato (educação) e não usar um prato (cascão) é uma opção pessoal. Nesses singelos momentos o “cascão” aparece.
E o pior “cascão” é aquele que aparece na convivência com os outros. É achar porque tem intimidade com alguém pode fazer coisas que não faria na presença de estranho. Ficar a vontade com alguém - íntimo - é muito bom e louvável. Falar e escreve o que quiser com liberdade e bom senso é ótimo, trocar idéias, interagir e conviver com os entes queridos. Porém o “cascão” aparece com mais freqüência na convivência com os nossos próximos. Gente que por estar namorando (a) faz “xixi” na frente do outro, arrota, peida ou coisas assim. Nojento. É o cascão que vem a tona.
Ou gente que zomba dos sentimentos do próximo, sendo intrometido ou inconseqüente em comentários e julgamentos. Agindo com pré-conceito com amigos e familiares e demonstrando isso através de palavras, que ferem o próximo e que devem ser ignoradas. Incrível que tem pessoas que mesmo sem formação nenhuma NÃO possuem o “cascão”. Pode? Sim pode sim. Bom senso e educação não se ensinam nos bancos acadêmicos e sim durante a vida.
Sorte de quem não tem “cascão” e paciência para nós, pobres e fracos mortais, que temos que lidar com os nossos “cascões”...
Vai um vídeo para ilustrar um pouco dos "cascões" que andam por aí, por Gloria Kalil:
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