quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Vinho que vira vinagre...

Estranho esse título, concordo. Coisa de publicitário para chamar a atenção. Diria um amigo meu: "- coisa de publicitário viado mesmo." No caso, até o momento, sou apenas o publicitário.

Quero escrever sobre os amigos. Tenho amizades que duram anos, algumas são desde a minha infância e adolescência. Não posso dizer que são amizades onde "nos frequentamos" pois muitos desses amigos moram em outras cidades, estado e até em outros países.



Gosto de observar as mudanças nos meus amigos, e por consequência, as minhas. É impressionante como algumas pessoas mudam das aspirações da juventude para a neurose da vida adulta. Pessoas legais que se tornaram marionetes, dependentes de celulares blackberry, i-phones e outras gadgets (em inglês: geringonça, dispositivo). Outros são apaixonados por carros último ano, trocam de carro e renovam as dívidas como trocam de academia, bairro, esposa, marido, namorado, namorada. Há também aqueles que vivem para viajar e o fazem 2 a 3 vezes ao ano para algum lugar. E só falam das viagens (estes são um pouco mais interessantes). Porém quando pergunto para eles: " - e você? como está? " não conseguem falar de si mesmos. Nada contra viagens, eu mesmo viajo e viajei bastante, agora falar só sobre isso?

Outros questionam de forma contundente: " - você AINDA não trocou de carro?" ou pior: " - você ainda não usa o i-phone?" e mais: " - você ainda mora em Caxias do Sul?" e a mais grave: " - ainda faz karatê". Tenho que rir.

Que insegurança é essa que muda pessoas legais e as torna uns babacas? depender de produtos empurrados guela abaixo para o consumidor, escravo de um mercado perverso - do qual eu faço parte do mecanismo, como publicitário - e além dos produtos estão os serviços. Agências de viagens, academias da moda entre outros. Tudo tão vazio! Ter ao invés de ser.

E onde estarão os meus amigos queridos, dentro daquela carcaça que parece ser o indivíduo que eu conhecia? que saudades de vocês. Alguns se tornaram amargos com a vida, outros ocupados demais para sonhar, outros obesos demais para me acompanhar numa corrida com um bom papo. Fico feliz quando encontro uns (raros) amigos e percebo que eles continuam com um bom coração, mesmo com as neuroses da vida moderna. Vinhos raros...
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